quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A decadência da musica brasileira.


Ai se eu te pego. Ah lek lek. Amor de chocolate. Camaro Amarelo. Esses são alguns dos 'ruídos' que a mídia, de forma geral, insiste em chamar de música. É triste ver que a música hoje serve para, desculpe-me a sinceridade, 'imbecilizar' as pessoas, desrespeitando o próprio povo com letras de mau gosto, servindo apenas para aumentar o próprio ego, falando de seu carro importado, ou como o cantor se acha o legal por sair na balada e 'pegar' várias mulheres, ou ainda a tratando como se fosse mercadoria.
Vivemos assim uma realidade digna de envergonhar qualquer nação do globo que preze de verdade a sua identidade. O que estão fazendo com a nossa cultura musical é um atentado contra a nossa inteligência. A música reflete a situação da sociedade naquele momento e, essa 'porcaria', que escutamos hoje é reflexo de que vivemos uma verdadeira palhaçada. 
Não há o intuito aqui de demonizar quem gosta de músicas românticas, sertanejas, axé, pagode, funk, ou seja lá o que for. Mas o entretenimento vazio, música e eventos culturais sem reflexão do cotidiano, ajudam a fechar os olhos da maioria. Em geral, essas músicas aparecem no contexto da baixa escolaridade da sociedade brasileira e encontram respaldo em uma perspectiva de vida que induz ao não pensar. Assim, músicas rítmicas e repetitivas, sempre dão empatia imediata, se tornam facilmente consumíveis. Soma-se a isso o ridículo papel da mídia nisso tudo. Ela, que já fez o papel de difundir Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, entre outros, hoje se pauta pelo lucro fácil e imediato, se apropriando de músicas monossilábicas para repetir e impor a exaustão. 
Lembro-me, não há muito tempo atrás, a música servindo de voz a um povo reprimido pela ditadura militar, onde os artistas se manifestavam falando o que precisava ser falado, o que precisava ser dito diante da realidade que reprimia o povo. Penso que a música como um patrimônio do Brasil devia ser bem mais protegida, sobretudo pelo poder público. E não me digam que a culpa é somente do povo. Porque isso não é verdade. O povo não tem culpa da educação que não recebe. O povo só pode gostar daquilo que conhece e lhe oferece. E o que estão fazendo com nossa gente é uma verdadeira lavagem cerebral. 

Este descuido vai aos poucos se generalizando, ferindo de morte diversos outros setores da nossa máquina cultural. Isso porque, quando a sociedade se acultura todo o resto desmorona, fragiliza, corre perigo. Para quem acredita ser a cultura a verdadeira identidade de um povo; do jeito que vamos daqui a pouco não teremos quase mais nada para defender e se preocupar.
Em 1950 surgiu a Bossa Nova, subgênero do samba, que se tornou conhecido em todo o mundo, tendo como principais representantes, João Gilberto, Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Luis Bonfá. Sobre esse gênero não há o que ser dito. Para entendê-lo é preciso ouvir “Aquarela” (1983) de Toquinho, e extasiar-se diante de tamanha beleza.
Não creio que seja errado afirmar que a música brasileira jamais foi melhor antes ou o será algum dia.
Na década de 60 veio a Tropicália, movimento de cultura pop e vanguardista, de Caetano e Gil, Gal e Tom Zé. Novos poemas cantados surgiram ali.
E infelizmente, os talentos nacionais começaram a desaparecer. Alguns poucos surgem ainda hoje; surpresas agradáveis. No entanto, poucos são completos: Bom músico, bom compositor e bom intérprete. Encontrar os três predicados reunidos em um só artista ou grupo já é quase impossível.
Nos dias atuais é comum ouvir vozes que recitam (tic-tac) letras tristemente escritas. A gramática é insultada; tu e você freqüentam as mesmas frases, plural e singular também.
Sobre as rimas? Que rimas?
Os temas podem variar entre morte, drogas, revoltas de toda sorte.
As mulheres são cachorras, peruas e outras fêmeas de origem animal.
Certo grupo de adolescentes faz sucesso com as meninas. A imprensa os acompanha de perto. Viajam muito em turnê. Não sabem dizer onde estão, a qual estado pertence à cidade, não conhecem as capitais. Mas, e daí? Tudo que lhes é exigido são requebros – com suas calças coloridas – e pose de bad boy.
Se há hoje um movimento cultural na música brasileira, Deus nos livre, ele é inominável!


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